"Inventor" da bicicleta, artilheiro da Copa de 1938 e campeão por todos os grandes clubes brasileiros onde passou. O currículo de Leônidas da Silva, também conhecido como Diamante Negro, é de dar inveja a qualquer atleta profissional e serve como inspiração para muitos garotos pobres que sonham um dia conquistar seu espaço na carreira.
Nesta sexta, 6 de setembro de 2013, o craque completaria 100 anos. E apesar de ter partido em 2004, suas grandes jogadas são imortais na memória do futebol nacional e internacional. Para homenagear o centenário do Diamante Negro, o Portal EBC produziu um especial contando um pouco da sua carreira.
Origens
Nascido em 1913, o carioca Leônidas da Silva iniciou sua trajetória no futebol aos 10 anos de idade atuando pelo São Cristóvão, time do bairro onde cresceu no Rio de Janeiro. Após uma longa jornada na equipe e uma rápida passagem pelo Sírio Libanês Futebol Clube, o atacante desembarcou no Bonsucesso, onde inauguraria sua sala de importantes troféus: ao se destacar, ele acabou convocado para a Seleção Carioca e conquistou o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais em 1931. Ainda no Bonsucesso, o Diamante Negro decidiu fazer uma aposta no basquete e, por um curto período de tempo, defendeu o clube atuando simultaneamente nos dois esportes.
Seleção e Copa de 1938
A primeira vez que Leônidas da Silva disputou uma Copa do Mundo foi na lamentável campanha de 1934. O Brasil foi eliminado ainda na primeira fase, mas o atacante deixou boa impressão, marcando o único gol da seleção. Era o ensaio para a próxima Copa.
Infelizmente, o Brasil mais uma vez deixou o título escapar na Copa de 1938. Na semifinal, o Diamante Negro se recuperava de uma lesão e desfalcou o time, que foi derrotado pela Itália. Mas a campanha teve seus méritos. O Brasil ficou com a terceira posição ao superar a Suécia por 4 a 2.
Leônidas da Silva foi eleito o melhor jogador da competição e terminou no topo da artilharia empatado com o húngaro Gyula Zsengeller, ambos com oito gols. Três deles foram marcados na partida dramática contra a Polônia nas oitavas de final. O jogo foi decidido na prorrogação, na qual o Diamante Negro selou o placar de 6 a 5 após marcar um gol descalço, uma vez que suas chuteiras não resistiram ao campo lamacento e se arrebentaram.
Vinte anos após a Copa de 1938, a atuação de Leônidas da Silva se tornou centro de uma polêmica. O jogador e colega Niginho deu uma declaração dizendo que o craque teria forjado sua contusão às vésperas da semifinal após um suborno oferecido pelo governo do ditador italiano Benito Mussolini. Leônidas da Silva processou-o por calúnia e obteve decisão favorável dos tribunais.
O Diamante Negro detém a melhor média de gols da história da seleção brasileira, tendo realizado 37 jogos e balançado as redes 37 vezes. Embora sua qualidade tenha sido incontestável, ele é frequentemente esquecido nas listas de maiores jogadores brasileiros, em certa medida por não ter conquistado uma Copa do Mundo. O atleta que saiu como o destaque da edição de 1938 foi prejudicado pela Segunda Guerra Mundial. O conflito provocou o cancelamento das Copas de 1942 e 1946, quando ele atravessava bons momentos na carreira. Resultado: após 1938, não atuou novamente na mais importante competição do futebol.
Inventor da bicicleta?
A fama de Leônidas da Silva muito deve às suas jogadas inimagináveis. O atacante é hoje lembrado por muitos como o inventor da bicicleta, que se tornou uma de suas marcas registradas. No entanto, existem discordâncias entre alguns historiadores esportistas. Há quem aponte como autor da inovação o também brasileiro Petronilho de Brito, de quem o Diamante Negro teria tirado a inspiração.
O espanhol naturalizado chileno Ramón Unzaga Asla é também apontado como possível inventor da jogada. Atuando pelo Chile, ele teria marcado um gol de bicicleta contra a Argentina durante a Copa América de 1920. Devido a nacionalidade do autor, a imprensa apelidaria a façanha de "chilena", que se tornou a forma como a população de países de língua espanhola se refere à bicicleta até hoje.
Ainda assim, a perfeição e a frequência com que Leônidas da Silva buscava executar a jogada certamente contribuiu para a sua publicização no mundo. A primeira vez que o atacante apresentou a sua bicicleta foi em 24 de abril de 1932, numa partida entre Bonsucesso e Carioca. O Diamante Negro repetiu o feito nos clubes em que passou e também na Copa do Mundo de 1938, impressionando torcedores das mais variadas nacionalidades. Devido à elasticidade da jogada, ele também era chamado de Homem-Borracha por parte da imprensa esportiva.
Diamante Negro
O criador do apelido de Diamante Negro foi o jornalista francês Raymond Thourmagem, da revista Paris Match, que encontrou no termo uma forma de caracterizar a magia do futebol de Leônidas da Silva. Logo após a Copa de 1938, a Lacta lançou o chocolate de mesmo nome para a população francesa.
A empresa chegou a pagar uma pequena quantia ao jogador pelo direito de explorar a marca. Introduzido no Brasil, o chocolate se tornou rapidamente o mais vendido do país.
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